sábado, 4 de setembro de 2010

still believe.

Está muito próximo. Faltam praticamente dois meses para desempenharmos nosso papel de cidadão. Quando criança, sempre ansiava por esse dia, mesmo que os 16 anos não estivessem completos, entretanto, entendia perfeitamente o sentido da democracia. A maioria vence!
Certo dia, conversava com minha prima de 11 anos, quando uma colega dela chegou. Época de campanha, todos inalam política, voto, urna. E com a gente não foi diferente. Conversávamos exatamente sobre isso. Perguntei a menina se assim como eu, ela tinha preferência política. Ela olhou-me, um pouco assustada com a pergunta. Inerte, é dessa forma que eu a descrevo. Observou a sua volta antes de responder minha pergunta. E sussurrou:
- Lá em casa ninguém pode falar de política. Pois minha mãe trabalha pela prefeitura e pode ser perseguida.
A inércia instantaneamente também me atingiu. Depois de algum tempo parada ali, com a mente atropelada de indagações, consegui perguntar:
- Mas, você sabe o que é perseguição?
Ela sorriu antes de responder.
- Sim, claro que sei, fácil demais – e continuou – é quando não podemos escolher. Minha mãe vai ter que votar em um determinado candidato, não porque ela quer, mas, se não votar ela pode perder o emprego. Entendeu?
- Claro que entendi, perfeitamente.
As palavras ainda saiam com dificuldade da minha boca. Como pode? Uma criança? E julguei aquela situação lamentável.
Comecei a refleti. Como aquilo poderia acontece? E o pior, quantas pessoas viviam naquela situação? O Brasil viveu um grande momento em sua historia, chamado: Ditadura Militar, uma máquina da repressão e da tortura. Entretanto, essas agressões não ficaram restritas corporalmente. Pessoas foram torturadas, quando foi tirados delas o direito de escolha.
Portanto, em janeiro de 1984, iniciou-se a campanha pelas Diretas Já, um dos maiores movimentos cívicos realizados no Brasil. Uma campanha que tinha como objetivo reivindicar a escolha do chefe de Estado, que até ai era efetuada pelo Congresso Nacional, ou seja, o senado. E a população passou a escolher. A democracia passou a ser utilizada, o direito de voto, de escolha, de expressão, passou a ser prioridade.
No entanto, não é isso que presenciamos hoje. A nossa política está se refletindo não em uma democracia, mas em uma ditadura, em uma verdadeira perseguição.
A frase “Que vença o melhor”, não é mais usada. Foi substituída por “Quem tiver mais dinheiro vença”. A justiça fechando os olhos pra coisas ilícitas. Justiça essa, também subornada. Políticos biônicos e usurpadores de poder assumindo, sem sequer ter ganhado uma eleição.
É exatamente, essa política que assistimos hoje. E não podemos deixar isso acontecer. Vamos escolher a pessoa certa pra votar, vamos levantar uma bandeira que diga “Não à perseguição”, temos direito de escolhas, conquistados por nós mesmos. Então, não vamos permitir que isso pereça.
Pois, é indiscutivelmente dilacerador ter que ver uma criança, que será o futuro do nosso país, entender o sentido da perseguição e desconhecer o significado da democracia.

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